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Natureza e ser humano foram pauta na Fazenda Bimini

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A Fazenda Bimini, em Rolândia, recebeu a exibição do documentário “Ilha Mutum, a história dos pescadores sem rio”, na tarde de sábado (10). Um público de aproximadamente 30 pessoas esteve no Cine Paiolzão, para acompanhar a primeira exibição do filme no município. O longa metragem foi produzido pelos jornalistas Loriane Comeli, Fábio Cavazotti e Marcelo Frazão, todos de Londrina.

O documentário trata da situação dos pescadores e agricultores da Ilha Mutum, localizada no município de Porto Rico, na região noroeste do Paraná. Os trabalhadores que se sustentavam da pesca e agricultura foram expulsos da ilha, por ordem judicial, executada sob o pretexto de cumprimento da lei ambiental – a alegação da justiça foi que a população ocupava uma área de preservação ambiental permanente. 

Cerca de 490 famílias de ilhéus foram obrigados a se mudar para a cidade e encontrar ocupações nos comércios, como empregados em casas e até como catadores de lixos, para conseguir sustento. Os ilhéus que insistiram em viver da pesca tiveram sua situação agravada após a construção da barragem da Usina Hidrelétrica de Porto Primavera, instalada no Rio Paraná, que provocou a mortalidade dos peixes.

“A lei ambiental não é só para proteger a natureza. É para proteger o homem junto com a natureza”, afirma Loriane. A ideia do documentário surgiu após Cavazotti ser procurado pelo presidente da associação de pescadores da ilha e tomar conhecimento da situação injusta. Na época, o jornalista trabalhava em Maringá e fez uma série de reportagens sobre os acontecimentos. Cavazotti convidou os amigos e também jornalistas Loriane e Frazão para a co-direção. 

A motivação da equipe, segundo Loriane, foi a comoção com a situação de injustiça ocorrida na ilha. “Nosso objetivo era fazer com que as pessoas conhecessem e eles fossem, de alguma forma, ajudados, o que ainda não aconteceu”, lamenta.

O próximo passo é enviar cópias do documentário aos juízes e promotores envolvidos no caso na época e para políticos, na tentativa de que alguém interfira na situação dos ilhéus. Atualmente, a Ilha Mutum é utilizada para um turismo inconsciente e ilegal – na visão dos diretores.

Produção
Atualmente, os três diretores trabalham com imprensa e comunicação em Londrina. Loriane relata que as gravações foram feitas em 2005, durante 12 finais de semana. Os diretores viajaram para Porto Rico com recursos próprios e entrevistaram ilhéus que se mudaram e funcionários da Hidrelétrica. As autoridades envolvidas não quiseram dar entrevista à equipe. A edição foi interrompida e retomada no ano passado, quando o documentário foi finalizado. 

“A primeira exibição foi lá em Porto Rico”, conta Loriane. Segundo ela, os pescadores ficaram contentes com o fato de ter sua situação retratada, mas não depositaram esperanças de mudança após a apresentação. A segunda exibição foi no Sesc Cadeião Cultural, em Londrina, há algumas semanas. Daniel Steidle, proprietário da Fazenda Bimini e educador ambiental, estava na plateia e deu suporte para que “Ilha Mutum” fosse exibido em Rolândia.

Reflexão
No círculo de debate pós exibição, o público presente ouviu os diretores Loriane e Cavazotti contarem sobre como foi a produção do documentário e seus sentimentos diante da situação. Nas conversas, surgiu a reflexão sobre o papel das autoridades de dar condições dignas de sobrevivência ao ser humano. 

Uma das sugestões do público, apoiada por Daniel Steidle, é a exibição do documentário em instituições de ensino e no Centro Cultural Nanuk, com o objetivo de provocar a consciência coletiva sobre a dignidade humana e o aproveitamento correto dos recursos ambientais, inclusive para o turismo.

Rosalva Igarashi, artesã rolandense, estava entre os telespectadores de “Ilha Mutum”. O grande ponto apreendido por ela foi a reflexão sobre a situação dos ilhéus e seus desdobramentos. “É uma grande reflexão para nós. Deve ser levado para as escolas, para o ser humano assistir e ter mais consciência com a forma como utiliza seus recursos. Achei muito triste a vida deles. Está na hora de o ser humano mudar de atitude, valorizar mais o outro. Para mim, foi muita reflexão e vai abrir mais a mente das pessoas.”

Com o impulso que o turismo vem ganhando em Rolândia, Steidle comentou que é hora de pensar no turismo consciente, sem agredir o meio ambiente e sem desrespeitar o ser humano. O educador ambiental está animado com a possibilidade da ampliação dessa discussão por meio do documentário.
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