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7 anos depois: artista rolandense restaura seu 1º mural

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A artista plástica Camila Veira, 28 anos, restaurou o seu primeiro mural feito em Rolândia. O trabalho encontra-se na casa dos pais da artista, que moram no Jardim Caviúna, e levou cerca de dois meses para ser confeccionado. “Esse mural foi feito em 2010 e foi a minha primeira experiência em pintura mural e grafite”, relembra. “Depois de 7 anos da execução do 1º mural, decidi restaurá-lo, pois o trabalho estava muito danificado pelas marcas do tempo”, afirmou a artista. Camila aproveitou as férias do final de ano e, com a ajuda de seu irmão, realizou a restauração em cerca de 30 dias.

Após este primeiro mural, a artista plástica buscou por novos cursos de aperfeiçoamento no grafite e realizou outros trabalhos pelas ruas de Rolândia, São Paulo e Ouro Preto. Camila Vieira também expõe frequentemente no estado de Santa Catarina.

Início
Durante a graduação em Educação Artística na Universidade Estadual de Londrina (UEL), em habilitação em Arte Visual, Camila participou de inúmeras oficinas de pintura mural e de grafite. “Essa prática me motivou a pesquisar e a criar meus próprios murais”, relembra a artista. A ideia inicial do trabalho foi apropriar-se de imagens produzidas através do desenho, no intuito de transferi-los para um suporte maior, ou seja, a parede. A temática da pintura da artista gira em torno da criação de seres e personagens imaginários “que estão muito mais próximos do sonho, da fantasia e das memórias da infância, do que de imagens próximas ao mundo real”, ressaltou Camila.
Grafites em São Paulo
A reportagem do JR quis saber a opinião da artista rolandense sobre o projeto Cidade Linda, do prefeito João Dória, de São Paulo, que tem jogado uma espécie de tinta cinza sobre vários desenhos e grafites. “Penso que quando um artista realiza um trabalho de intervenção urbana, precisa ter a consciência de que a obra de arte passa a ser algo efêmero, portanto, passível a sofrer interferência de vandalismo e destruição, uma vez que, o trabalho em vias públicas, passa a pertencer ao coletivo e não mais ao executor da obra. Eu mesma realizei grafites pelas ruas de Rolândia que foram apagados pela população”, afirmou Camila.

“Falando do ocorrido nos últimos dias em São Paulo, a mando do atual prefeito João Doria, é abominável aceitar que grande parte das intervenções urbanas da cidade foram apagadas e substituídas pela cor cinza, através de um discurso de cidade ‘linda’, ou, ‘cidade limpa’. Há de se convir que existe uma grande diferença entre grafite e pichação e que, segundo os planos de Doria, seriam apagados apenas as ‘sujeiras’ e trabalhos danificados pelo tempo. Porém, a realidade se mostra diferente. Grande parte das pinturas de qualidade, executadas por grafiteiros de destaque nacional, realizadas sob a avenida 23 de maio e demais adjacências, foram apagadas repentinamente sem nenhuma espécie de diálogo com os artistas e com a população local”, reclamou a artista.

Vale lembrar que São Paulo é mundialmente conhecida por suas intervenções urbanas e é a cidade que mais apresenta grafites em toda América Latina. O grafite é uma forma de arte original, de rua, inclusiva e democrática. Rejeita restrições e regras fixas, incentiva a participação popular e facilita a inclusão através da arte. “Transformou-se em uma cultura de resistência à segregação social e urbana e tem por finalidade ressignificar a estética urbana local; fazer-nos contemplar as cores, repensar o contexto da obra de arte; refletir sobre a mensagem do artista”, enfatizou Camila.

“Como gestor da maior cidade da América Latina, João Dória devia saber o quanto o grafite e as intervenções urbanas influenciaram na autoestima da juventude de São Paulo. Negar a livre manifestação dessa camada expressiva de nossa sociedade é também negar a cidade e a cultura em sua essência”, ensinou a artista rolandense. Camila lembra que tais reflexões valem também a cidade de Rolândia. “Que o poder público e a população possam incentivar os artistas locais, que saibam diferenciar grafite de pichação e que possam ver na arte um agente de transformação social”, concluiu a artista.
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