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Educação retira livro que sugere casamento entre pai e filha

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A Secretaria de Educação de Rolândia retirou das 12 escolas municipais o livro “Enquanto o sono não vem”, que sugere o matrimônio entre um pai e a filha, entre outras situações polêmicas. “Na verdade, o livro nem foi para as mãos das crianças, pois uma pedagoga nos alertou sobre o seu conteúdo e resolvemos nem deixar nas escolas”, explicou Rosilene Moloni, secretária de Educação de Rolândia. O alerta veio na sexta-feira (02) e a secretária já avisou todos os diretores e diretoras das escolas sobre o problema.

A obra de José Mauro Brant, da Editora Rocco, está no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), segundo o Ministério da Educação, e foi enviado para todas as escolas municipais do Brasil. O livro faz uma releitura de histórias do folclore brasileiro e de outras histórias contadas país afora. Há contos com trechos polêmicos como os que sugerem o casamento do pai e filha, tornando a mãe uma criada, e contos de extrema crueldade com animais, além de maus-tratos a crianças, em um conto em que um pequenino é colocada dentro de um saco e agredido, em um sequestro.

Diante disso, a secretaria pediu que todos os 26 exemplares fossem recolhidos, pois não seriam adequados à idade das crianças a quem se destinam. “São alunos e alunas de 7 e 8 anos de idade”, justificou Rosilene. A secretária também ressaltou a importância dos professores sempre lerem as obras antes de serem repassadas aos alunos, para nãos erem surpreendidos em sala de aula.

Essa polêmica já havia surgido entre profissionais de educação no Espírito Santo. Em Vitória, os livros foram recolhidos e remetidos ao MEC com um parecer técnico pedagógico no dia 31 de maio.

MEC
O Ministério da Educação (MEC) afirmou que está revendo todo o processo de seleção dos livros do PNAIC visando a melhoria da qualidade da educação e não citou o livro específico.

José Mario Brant, escritor e contador de histórias, afirmou, em uma entrevista dada ao G1, que foi surpreendido com as reclamações dos professores capixabas. Ele explica que conta a história há 25 anos e que o livro já foi publicado há mais de 15 anos. “Há uma desinformação do que é o conto folclórico e dos contos de fada, que são territórios que abordam assuntos delicados. A gente está falando de um universo simbólico. É uma história que dá voz a uma vítima”, disse.

A UFMG, que analisou as obras do PNAIC, disse que a polêmica “trata-se de um julgamento indevido construído por leitura equivocada”.

“Quando o contador sabe mediar a história, ela ganha outro aspecto. Há pouca capacitação em mediação. As pessoas acham que o material literário é o mesmo que didático, mas o literário é arte. Falta a capacidade de respeitar o universo dos contos e apresentá-los na hora certa ao público certo”, afirmou.

No próprio livro, existe uma descrição, explicando a origem da história da proposta de casamento. “A história da princesa assediada pelo próprio pai aparece em vários lugares do Brasil com nomes diferentes: ‘Silvaninha’, ‘Valdomira’, ‘Faustina’. A versão aqui incluída foi inspirada em uma recolhida em Barbacena, Minas Gerais, e foi acrescida dos versos de um acalanto denominado ‘Lá vem vindo um anjo’”.

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