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OPINIÃO

    Rolândia comemorou 75 anos de sua emancipação política sem festa de aniversário e, portanto, sem parabéns. Não fosse o feriado no dia 28 de janeiro, ninguém iria se lembrar que era o aniversário do Município. Mas, antes de querer comemorar, o dia 28 de janeiro deste ano deveria ter servido para que todos fizéssemos uma séria reflexão sobre a atual situação política e os rumos a tomar para um futuro um pouco mais tranquilo e promissor.

    Lamentavelmente, estamos padecendo e sofrendo, pela quarta vez em apenas 75 anos, por um sentimento de desânimo e de incerteza devido aos conflitos surgidos em meio aos Poderes legislativo e executivo. Estes administradores políticos, que deveriam ser os paladinos da unidade, da justiça e da honestidade de todos os munícipes, como Rolando o foi para os cidadãos de Bremen, estão se comportando de maneira muito difícil de entender. A situação atual está sendo desgastante em todos os setores da vida em comunidade: os trabalhadores e suas famílias, os empresários, os jovens que acabam perdendo seu entusiasmo por um futuro promissor… Afinal, quem vai querer ser candidato a Prefeito ou a Vereador nas próximas eleições sem correr o risco de ter sua vida particular investigada e desnudada?  Com esta situação, ambos os Poderes estão desestabilizados perante o eleitorado. 

    Até mesmo em nosso ambiente religioso surgem questionamentos de como se pode viver a fé no mundo da política!… Como cristão, recorro à Boa Nova de Jesus para dirigir um apelo veemente a todos: “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados… pois, a medida que usardes para os outros, servirá também para vós”. (Lucas 6, 37-38). 

    É interessante notar como todos os políticos, em seus discursos, se referem ao “povo” como se eles fossem porta-vozes dos anseios do povo. Me pergunto: a que “povo” se referem?  Certamente a grupos corporativos que dão apoio e sustento a quem assim fala porque “povo” pode ser manobrado de acordo com a ideologia ou interesses do referido homem/mulher público. Todo “povo” é volúvel!  Volto meu olhar ao Evangelho escrito por São Marcos 11,9ss e vejo o povo aclamando Jesus como “rei” enquanto está entrando na cidade de Jerusalém montado num jumentinho: o povo gritava “Hosana ao Filho de Davi”.  Mas, depois de apenas 5 dias, este mesmo “povo” gritava “Crucifica-O, Crucifica-O”. (João 19,15). Crucificaram Jesus, o inocente; soltaram Barrabás, ladrão e corrupto…E o povo continua agindo assim em todos os tempos. Por isso, na Oração Eucarística V, a Igreja nos chama de “povo santo e pecador” ao mesmo tempo.

    No Evangelho escrito por São Marcos 7, 9-13, Jesus une estreitamente entre si religião e ação, fé e amor, mandamento externo e obrigação interior. Entretanto, um dos mais graves erros do nosso tempo está sendo exatamente a separação, que se constata em muitos, entre a fé que professam e sua vida diária. É necessária contínua vigilância para impedir que o zelo pela observância exterior da lei não se torne um perigo para certo tipo de pessoas “religiosas” que, fiéis a esta, se considerem melhores do que os outros, faltando com o amor ao próximo  e tornando-se duras e orgulhosas. É uma verdadeira tragédia humana: tais pessoas , que ambicionam apresentar-se como exemplos de religiosidade vivem a transgredir a vontade de Deus.

Mons. José Agius





















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