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A customização da Ética – por Leandro Moleiro

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Ética é um termo derivado do grego que significa, em poucas palavras: aquilo que pertence ao caráter. É através dela que definimos comportamentos e posturas que a sociedade espera de seus cidadãos para o perfeito convívio em harmonia. É inerente à ética que todos, absolutamente, conheçam os mesmos preceitos, os respeitem e cobrem dos demais a mesma postura.

Porém, entra em cena em determinados momentos o que eu chamo aqui de “customização da ética”. Trazer a ética para si e customizá-la, ou seja, moldá-la ao seu gosto, ao seu próprio entendimento, fazendo assim com que ela perca seu jargão inicial e passe para um propósito de satisfação pessoal ou de um grupo determinado, agindo com liberalidade e com o perigoso princípio de que ‘os fins justificam os meios’.A corrupção está tão enraizada no cotidiano do cidadão brasileiro – no jeitinho de se resolver as coisas, nas pequenas falsificações, sonegações, malandragens – que alguns julgam como aceitável que tomemos mais um atalho, façamos mais uma ‘arrumação’ de qualquer jeito para nos livrarmos de algo que não gostamos.

Isso é o que temos visto no Brasil em tempos de crise política. Friso a palavra política, pois a pressão e o massacre políticos que o atual governo vem sofrendo estão estagnando o país desde o dia 01 de janeiro de 2015, quando Dilma Rousseff assumiu o seu segundo mandato como presidenta de república. O que se vê desde então, cada vez mais aflorada, é a distorção da ética. É o uso de mecanismos corruptos para tentar provar e punir uma possível corrupção,como aquele policial dos filmes dos anos 90 que ‘plantava’ uma arma ou drogas na casa do bandido para conseguir prendê-lo.

Em pleno século XXI, na falta de provas e argumentos plausíveis para justificar uma prisão ou até mesmo para impetrar um pedido concreto de impeachment, lançamos mão das nossas corruptelas para chegarmos aos nossos objetivos. Assim, aceitamos como normal uma condução coercitiva injustificada, grampos ilegais, divulgação de conversas sigilosas e instigação pública ao ódio coletivo.Tudo isso no intuito de abrir uma ferida, mesmo criando uma ainda pior: a falta de ética e de caráter numa investigação federal que abrirá precedentes para julgamentos injustos, punições indevidas e, a longo prazo, enfraquecimento do nosso poder judiciário e da instituição policial.
Nossos heróis também são customizados. Não nos importamos se o juiz Sérgio Moro recebe prêmios da Rede Globo enquanto ela é investigada em um processo conduzido por ele (Operação Zelotes) e muito menos lembramos que ele inocentou os principais acusados de desviar R$ 150 bilhões dos cofres públicos na Operação Banestado. Tudo isso não importa, pois ele se torna agora o herói forjado de uma nação que está sedenta por justiça e não se importará em punir quem quer que seja, mesmo sem provas, mesmo com acusações dispersas e atropelando as leis, nossa constituição e a nossa ética.

De certa forma, isso é normal de ocorrer em uma democracia tão jovem quanto a nossa. Porém, é necessário abrirmos nossos olhos e nossos corações para o preço histórico que estas ações cobrarão a médio e a longo prazo. Enfraquecimento da democracia, diminuição do poder do voto, fortalecimento de grupos políticos interessados apenas em instalar uma oposição burra, que atrapalha e trava o governo ao invés de criticá-lo de forma a ajudar o Brasil crescer. Por isso, nesses tempos, precisamos retomar os verdadeiros valores e princípios da ética e da correção, seguindo qualquer investigação, julgamento e punição dentro dos parâmetros legais. Estudemos a real situação antes de formarmos nossa opinião, não nos baseamos em apenas um grupo informativo. Não podemos deixar o ódio superar a ética.

Leandro Moleiro – acadêmico de Engenharia de Produção, UTFPR.
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