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Mês da Mulher: Mulheres na política em Rolândia

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Mesmo com os consideráveis avanços das mulheres no mercado de trabalho, a representação feminina na política ainda é baixa

Mulheres na Política e Política para Mulheres: as atuais vereadoras Janaina e Cristina

Nos últimos anos, o Brasil vivenciou uma progressão no debate público em torno das questões femininas. Temas como assédio, maternidade e carreira, vem sendo discutidos amplamente na sociedade e ganhando espaço no cenário político. A luta pelo direito das mulheres vem progredindo não só no Brasil, mas em todo o mundo.


Alguns avanços já foram conquistados nas últimas décadas, como o direito ao voto e o direito de serem eleitas. Porém, quando o assunto é a representatividade das mulheres na política, esse debate ainda se encontra muito distante do desejado. Muitas mulheres ainda têm dificuldades de ocupar cargos de poder, serem eleitas ou terem voz ativa nas tomadas de decisões políticas.


Isso acontece devido à exclusão histórica das mulheres na política e que ocorre, até hoje, no nosso cenário de baixa representatividade feminina no governo. Prova disso vem de um estudo realizado pela União Interparlamentar, organização internacional responsável pela análise dos parlamentos mundiais, que mostra que dentre 192 países, o Brasil aparece na 142° colocação do ranking de participação de mulheres na política nacional. Os dados, que foram atualizados em outubro, tem como base as eleições federais compreendidas entre 1997 e 2018.


O levantamento da organização aponta que as mulheres brasileiras ocupam 15% das cadeiras da Câmara dos Deputados. Em valores absolutos, 161 deputadas federais foram eleitas no último pleito eleitoral. Já no Senado Federal brasileiro o número é ainda menor: 12,4%. Apesar da pouca representatividade, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as mulheres representam 51,5% da população total do país.


Mesmo diante de um cenário escasso, o JR foi atrás de mulheres que atuaram, e ainda atuam, na política no município de Rolândia para saber delas quanto a importância dessa presença feminina nas cadeiras legislativas e também dentro do setor executivo das cidades brasileiras. Nessa Legislatura são duas vereadoras, Cristina Pieretti e professora Janaina Benelli, mesmo número da Legislatura passada, quando estavam Edileine Griggio e a professora Maria do Carmo.

Pioneira na política
Maria Luiza Rezende Muller é natural do Rio de Janeiro e veio pra Rolândia em 1968. Ela foi a primeira a vereadora do município (1997 a 2000), o que configurou em um marco histórico para a cidade. “Até pouco tempo, a política era uma coisa considerada masculina. Hoje em dia, apesar de não chegarmos a ocupar um grande porcentual, a gente tem que acreditar que nós, mulheres, temos a mesma capacidade dos homens. Além disso, temos sensibilidade e espírito materno, mesmo dentro da política, que torna a nossa diferença com os homens para melhor”, afirma.


Maria reforça é muito importante ter políticas públicas para as mulheres reforçando a importância delas dentro da sociedade. “Precisamos disso. É comprovado que a mulher que faz a mesma tarefa de um homem dentro de uma empresa chega a ganhar 25% menos, e porque isso se ela produz da mesma forma? Por isso, a política pública para a mulher precisa existir”, afirma.


Maria Luiza também comenta sobre o cenário de lideranças femininas na cidade dentro de entidades voluntárias e citou a si mesma, que carrega o posto de fundadora da Sociedade Ambiental, Cultural e Educacional de Rolândia (Ong Soame). “Além disso, a maioria das creches e dos asilos que temos são dirigidos por mulheres, então a política pública para a mulher é de extrema relevância”, afirma.

Mulheres defendem pautas importantes
Para a vereadora Cristina Pieretti (PP), que também é Procuradora da Procuradoria da Mulher, órgão fundado no ano passado, a política defende temas importantes como a questão da violência doméstica. “Mas no que tange a representatividade das mulheres na política, esse debate ainda é muito raso. Infelizmente isso se dá por conta do desafio de ocupar esses cargos de poder, por ausência de voz ativa, devido ao constante silenciamento que vivemos”, reforça Cristina.


Vivendo o dia a dia da Procuradoria da Mulher, a vereadora expõe quantas dificuldades as mulheres enfrentam no dia a dia, e que tais empecilhos prejudicam também para a presença delas dentro da política, o que é muito lamentável em sua visão como representante de uma cidade que tem apenas 20% de mulheres ocupando as cadeiras do Legislativo. Por isso, ela deixa um recado para aquelas que desejam ingressar na área pública. “Para as mulheres que desejam, eu afirmo que nós mulheres podemos e devemos tomar decisões e interferir em todos os assuntos na política. Além do nosso dever, nós temos capacidade, pois as mulheres no Brasil têm mais escolaridade do que os homens”, afirma.

A única mulher a ocupar a cadeira do Executivo rolandense
Sabine Giesen já foi vice-prefeita e também presidente da Câmara de Vereadores. Em meio a essas gestões assumiu a prefeitura em diferentes momentos. Como vice-prefeita, Sabine assumiu como prefeita em exercício quando o então ex-prefeito Johnny Lehmann permanecia de férias (gestão 2009-12) e também durante o afastamento dele em 2013 e 2014, como prefeita interina. Nessa época, Sabine era presidente da Câmara de Vereadores do município.


Para ela, o papel da mulher na política é essencial. “As mulheres fazem política o tempo todo, quando discutem preços, em casa, argumentando com seus filhos, maridos, etc. Política e tudo que tem a ver com a comunidade. Por isso as mulheres não podem deixar de atuar na vida pública, a frente dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) Tive a oportunidade de trabalhar em duas esferas: no executivo como vice-prefeita, tendo assumido a prefeitura em três oportunidades quando pude fazer políticas públicas voltada para mulheres”, relembra.


Entre os feitos, Sabine criou projetos de cursos de capacitação profissional, cursos de mecânica, defesa pessoal, criação do banco de leite materno e ajudou na implantação da extinta Secretaria da Mulher, que planejava uma delegacia especial para mulheres. “No Legislativo, como presidente da Câmara acredito, com franqueza, que consegui unir os vereadores e trabalhamos como um time olhando para o futuro. Torço para que cada vez mais mulheres busquem seu espaço na sociedade e usem sua sensibilidade, sabedoria e garra para tornarem o ambiente mais saudável e equilibrado”, compartilha.


Para ela, as mulheres precisam ser ativas, participar da comunidade do bairro, do grupo da escola, da igreja, e muito mais. “As mulheres precisam ser bem informadas sobre as notícias, em especial sobre a política, acompanhar o desenvolvimento político do seu município, estado e país, bem como dos mandatários. Se a mulher sentir vontade de se candidatar, colocar seu nome à disposição para concorrer um cargo, tenha coragem e siga em frente. Buscar o bem-estar coletivo e uma experiência de vida muito especial vale a pena”, reforça.

Representatividade conta muito
Para a vereadora Janaina Beneli (PSL), a participação da mulher na política é muito importante porque é a parte feminina lutando pela representatividade da mulher, neste quadro político predominantemente masculino e, muitas vezes, machista. “A mulher é capaz de discutir assuntos voltados a esse público, assuntos esses, que ficam esquecidos pelos homens como, por exemplo, o assédio, maternidade, aborto, políticas públicas que asseguram a melhoria da qualidade de vida das mulheres”, comenta.


Para ela, mesmo que a mulher tenha conquistado o direito ao voto, ainda é notória a baixa quantidade de mulheres na esfera política. “Se a metade de eleitores de nossa cidade é feminina, porque temos somente duas mulheres na Câmara Municipal? Se a mulher quer tanto essa representatividade, quer ter voz e vez, está na hora de exercer seu real papel e mudar esse quadro, ou ao menos igualar essa representatividade. Nós somos capazes sim, só basta querer”, pontua.


Janaina ainda complementa indicando que as mulheres que querem assumir cargos na política precisam sair somente da vontade e buscar um partido político que vá acolhê-las e respeitar seus ideais. “Hoje sabemos que 30% dos candidatos em um partido devem ser mulheres. Na maioria das vezes são candidatas que estão ali somente para preencher essa porcentagem, preencher vaga, sem o mínimo interesse em concorrer realmente. Então, além de ter vontade, ela deve trabalhar muito para alcançar esse espaço e mostrar o porquê de ela estar ali. Muitas vezes também, a mulher acredita não ser capaz de enfrentar esse desafio, enfrentar a maioria masculina”, desabafou a parlamentar.

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